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[Análise] “Os Mortos Não Morrem” (2019)

Numa dessas “zapeadas” pelos catálogos dos streaming eu me deparei com esse filme que me pareceu promissor. O filme tinha tudo para me agradar. Zumbis, humor ácido e um elenco que parece ter saído diretamente de um café hipster para um apocalipse sem pressa. Os Mortos Não Morrem, do sempre peculiar Jim Jarmusch, é uma homenagem escancarada aos clássicos do gênero, especialmente ao legado de George Romero. Mas será que a mistura de reverência e sarcasmo realmente funciona?

O filme nos joga em Centerville, uma cidadezinha onde coisas estranhas começam a acontecer: relógios param, os animais desaparecem, e, claro, os mortos saem das tumbas com uma fome insaciável. No meio disso, temos Bill Murray e Adam Driver como policiais que encaram o apocalipse zumbi com a serenidade de quem esqueceu a água fervendo no fogão. Esse tom blasé das atuações é, sem dúvida, um dos maiores acertos do filme—parece que ninguém ali realmente se importa, o que, ironicamente, só melhora a experiência. Cabe ressaltar a presença quase ‘easter egg’ de Alice Cooper e de alguns outros nomes e rostos conhecidos.

As referências aos clássicos do gênero são um prato cheio para os fãs. Há acenos diretos a A Noite dos Mortos-Vivos e até uma piscadela metalinguística que brinca com a própria previsibilidade do enredo. Mas, apesar de sua estética interessante e do humor seco, Os Mortos Não Morrem se arrasta além do necessário. Algumas histórias que começam promissoras simplesmente evaporam, sem uma conclusão satisfatória, deixando a sensação de que o filme perdeu o fôlego antes de cruzar a linha de chegada.

O filme ainda tenta fazer algumas críticas ao consumismo, como Romero havia feito em Despertar dos Mortos, mas, assim como outros pontos do filme, a crítica também fica superficial.

O saldo final? Um filme que acerta na ambientação, no humor e nas homenagens, mas que se perde ao tentar amarrar tudo de maneira coesa. Não é um desastre, mas também não é um novo clássico. Vale pelo tom cínico e pelo elenco entregando performances absurdamente minimalistas.

“Os Mortos Não Morrem” – 7,5/10

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